quinta-feira, 24 de julho de 2008

Ah, se eu aguento ler...

Estava entediado no quarto do hotel esperando o tempo passar para embarcar de volta ao Brasil quando resolvi descer e checar emails e, talvez, achar alguém para bater um papo no MSN. Uma amiga puxou convenrsa. Após os comprimentos de praxe, seguiu o seguinte diálogo (como acesso da Venezuela, o "dice" nao é falta de conhecimento da língua portuguesa) :

Fabio dice:
já te disse que vou morar na india?
T.... O meu Deus é o Deus do impossível... dice:
não , sério
Fabio dice:
seríssimo
T.... O meu Deus é o Deus do impossível... dice:
que legal
Fabio dice:
pois é... estou muito animado com a idéia. Vou morar com minha namorada lá.
T.... O meu Deus é o Deus do impossível... dice:
vai ser uma experiencia de vida
Nao diga!!!! experiência de vida? Claro que vai ser experiência de vida!!!! Nao vou precisar morrer para ir pra lá! Que porra ela quis dizer como isso?
Se o Deus dela é o Deus do impossível, o meu é o da falta de paciência com baboseiras...
Right on!

Busted!

E nao é que El Brujo decobriu esse pequeno pedaco de mundo no qual ponho para fora minhas inquietudes?
Sem que eu desse pista alguma, Kirisoré conseguiu localizar o meu blog, sabe-se lá como. Talvez, tenha contado com a ajuda de um agente da extinta KGB, cuja amizade conserva desde os tempos em que dormia abracadinho a uma miniatura do ursinho Misha lá na terra de Putin nos ido da década de 80.
Sem pedir licenca, o safado chutou a porta da frente, leu meus escritos e ainda fez comentários sarcásticos acerca das minhas divagacoes!
Brincadeiras à parte, El Brujo, que tem também um blog (este vale a pena reservar tempo para ler), sempre foi bem-vindo aqui, mesmo que ele nao soubesse do endereco. Se nunca soube, nao foi por falta de amizade ou confianca, foi mesmo por vergonha deste vosso ecriba (expressao utilizada por ele) que sabe das suas limitacoes.
Seja bem-vindo, Brujo!

terça-feira, 22 de julho de 2008

It was five years ago today...




Hoje, faz cinco anos que cheguei a Brasília. Sem conhecer uma única alma, vim da Bahia com minha mãe, de carro. Lembro que entrei na cidade pelo final da Asa Norte, e logo peguei a W3, sem saber por onde andava. Encontrei, meio que por sorte, eu acho, o apart-hotel que ficaria por um mês antes de achar uma kit na 914N. De cara, adaptei-me e passeia amar a cidade, tão diferente daquela na qual vivi minha vida inteira e cujos modelos de sociedade em nada se parece com o da Capital. Em Brasília, construí uma família que escolhi dedo: meus amigos. Vivi momentos muito felizes e houve época tristes, também, nas quais a saudade da família que ficou na Bahia batia com crueldade.


Meus ideais mudaram um pouco, minha vida tomou rumo diverso daquele que visualizei no início, mas nunca me arrpendi de ter dado a partida no meu velho Palio e vir em direção a essa cidade que me deu tudo: uma família e um amor pra toda a vida.


Fico feliz por ter tido a coragem de escolher a minha felicidade.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Visitante do dia...Parte LXXVIII


Presidente da Assembléia Nacional do Poder Popular de Cuba, Ricardo Alarcón.

Here we go again!

Parto, mais uma vez, rumo à terra do Comandande Chaves no próximo domingo. Parto para mais uma cidade no meio do nada e perto de lugar nenhum...
Quando é que vão me mandar pra Paris, Londres ou Nova York?
Na verdade, eu até sei a resposta, mas não posso reclamar, pois a grana até que compensa o sacrifício.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Out of Africa

Os funcionários que atenderam ao chamado da Secretaria de Estado estavam lotados nos mais diversos cantos do continente africano. Os Postos estavam entre os considerados piores cantos do planeta para se viver. O que os impulsiona é o dinheiro. Nenhum outro motivo os empurrava para os confins de terras marcadas pela falta de estrutra básica para viver, violência latente e pela a pobreza que salta aos olhos. Quase todos tinham filhos em idade escolar, ou já na faculdade, e precisavam dos gordos salários para sustentar os estudos dos filhos. Sacrificavam suas vidas em terras inóspitas e perigosas para poder educar e alimentar suas crias. Muitos deles deviam ao MRE a oportunidade de ter algo na vida. Sem o Ministério, certamente fariam parte da grande massa brasileira de sub-empregados, ou não teriam ao menos o que ganhar no final do mês.
Eram personagens interessantes, cujas vidas forneceriam material para diversas biografias.
Tinha a senhora carente e alcóolatra de Dacar; o agente de portaria megalomaníaco que clamava ser pentacampeão brasileiro de golf e gabava-se das inúmeras mancebas que sustentava em Bissau; o playboy de 50 anos que conseguiu arranjar maconha para fumar durante as noites depois do curso e serve em Abuja; a senhora deseperada que vive em Malabo; o senhor com problemas sério nas coronárias de Windhoek; a evangélica suicida de Cartum; o confessadamente deprimido Oficial de Chancelaria de Adis Abebba, entre outros menos interessantes.
Por incrível que pareça, a compania deles e suas histórias não me deprimiram ou me enojaram (a não ser senhora bêbada de Dacar que é, realmente, um pé no saco). Todos pareciam extasiados em passar aquelas duas semanas em Pretória e esqueceram um pouco das dificulades e sacrifícios a que estão submetidos todos os dias. Fiquei em uma Guest House charmosa e barata perto da Embaixada com o playboy, o deprimido e um dos instrutores do curso. Fazíamos churrasco, enquanto a senhora bêbada e os outros bebiam deseperadamente cerveja (contei três caixas em apenas quatro dias). O deprimido da Etiópia bebia tudo que via pela frente (licor, rum e conhaque, além da cerveja). A moconha surgiu nos últimos dias, mas durou pouco. Não me atrevi a compartinhar da bebida e da droga. Não me sinto à vontade de beber com pessoas que não conheço (bebi umas taças de vinho sul africano com um deles, mas foi só). Sóbrio, passei a ouvir as lamúrias dos funcionários do Itamaraty acerca do trabalho e da vida difícil em seus Postos. Pareciam tristes e cada história traduzia o sofrimento e o lamento por fazerem o sacrifício necessário para sobreviver.
O serviço exterior pode ser bastante cruel e impiedoso. Viver longe dos parentes, em terras perigosas, sem condições sanitárias e de infra-estrutura básicas é psicologicamente devastador.
Geralmente, o ser humano sente satisfação em ouvir que outras pessoas estão em pior situação do que a deles. Nos faz sentir um pouco mais afortunados. A desgraça dos outros nos coloca pra cima. As experiências que ouvi, ao contrário, fizeram-me querer ajudar a todos, a escrever para eles e me colocar à disposição para ajudá-los, pelo menos na minha área de trabalho, no que puder.
A ida a Pretória me deixou menos humano, eu acho. Mas em um bom sentido.

Visitante do dia...Parte LXXVII


Membro do Comitê Central do Bureau Político da China, He Guoqiang.