Fui convidado agora há pouco para um lanche no Gaspar e minha amiga pediu um misto quente. Lembrou-se de ter visto, na noite passada, um documentário chamado "A carne é fraca" e que não mais comeria carne . Aí começou um papo ecológico de que a agropecuária é responsável pelo desmatamento da Amazônia; que o peido do boi é 20 vezes mais poluente que o gás carbônico; que o pintinhos não escolhidos para o abate são triturados para servirem de alimento para os outros frangos; que as galinhas por comerem os pintinhos triturados começaram a criar um instinto canibal e comem as outras galinhas; que os bezerros são criados no escuro e somente com leite para que o Baby bife seja macio; que as vacas correm atrás dos caminhões que levam seus filhos para o abate etc. Fora o discurso sobre a exigüidade da água potável. Nossa! Foram longos 30 minutos tentando me convencer daquela babaquice. Não agüentava mais!
Se ela está com dor na consciência por comer carne, não deveria dirigir carro, comprar móveis, utilizar papéis não recicláveis, deveria fazer coleta seletiva e deixar o MRE e alistar-se no Greenpeace ou na WWF ou morar no meio da floresta com qualquer tribo indígena. Não questiono a importância da discussão, mas tudo tem um limite principalmente porque se a minha paciência para qualquer tipo de discurso político é pouca, imagine quando estou com a perna inflamada por causa de um agente sanitário que não sabe fazer direito o trabalho dele, com dores nas articulações e febre terrível. Amigos deveriam ser proibidos de conversar coisas sérias. Deixem isso para o trabalho. Discutir a política do nosso país e do mundo em qualquer ambiente é chato e pode causar divergências sérias.
Não concordo que discutir coisas relevantes com os amigos vai trazer qualquer benefício para a amizade. A amizade é feita para ser celebrada e acho que quando, em roda de amigos, alguém quer conversar sobre política, economia ou outro assunto sério, quer apenas arrotar conhecimentos lidos na Veja ou vistos na resenha diária de Miriam Leitão (deveria chamar-se Miriam Jumenta) no Bom Dia Brasil. Eu nunca começo uma conversa séria com meus amigos e, quando uma surge durante o choppinho de fim de semana ou lanche matinal, procuro debelá-la rapidamente. Desta vez não consegui. Estava muito fraco para tanto e aquele papo enfraqueceu-me mais ainda. Boquinha de criptonita, miserável.
Haja paciência!