terça-feira, 25 de agosto de 2009

1 ano

No dia em que completo um ano na Índia, o tempo amanheceu nublado, com uma chuva fina que não molha, mas se faz presente. Prefiro assim. O sol e o calor me incomodam mais. Faço o caminho habitual para o trabalho: os mesmos mendigos na rua, os mesmos trechos complicados, com carros invadindo os semáforos, apressadinhos que tomam a pista contrária, os mesmos indianos espremidos nos ônibus imundos e velhos. No trabalho, as mesmas pessoas me comprimentam, uns em inglês, outros em português. Abro a sala na mesma falta de motivação. Vejo a mesa cheia de papéis, meio por causa da falta de vontade de fazer aquelas coisas chatas, meio por preguiça. O mesmo jornal está a minha espera. As mesmas notícias sobre a política e a sociedade indianas, o que me dá mais preguiça pra começar o dia. Tento um Eric Clapton no iPod, ligado nas caixas de som do computador. O servente entra na sla e me diz “good morning, sir”, respondo com um “good morning” que quase não é externado pela minha voz. Leio os recados deixados pelo Ministro-Conselheiro, cuja letra indecifrável faz com que eu não cumpra a ordem descrita no bilhete. Dou uma olhada na apple.com/trailers e checo os filmes que nunca passarão nos cinemas daqui. Anoto os que me interessam e, daqui a uns meses, vou procurá-los na amazon.com. Talvez, com um pouco de sorte, consiga ver aquele filme do Tarantino no Brasil.
Mas não vou negar: a vida que levo dificilmente vou conseguir igualar em outro lugar. Aqui, frequento os melhores restaurantes, hotéies, spas e academias da cidade. E não acredito que no Brasil o luxo para os endinheirados chega ao chinelo do que encontro aqui em Nova Delhi. Moro em apartamento grande, pago pelo governo, tenho empregada e motorista a minha disposição seis dias na semana. Já conheci lugares maravilhosos, justamente por estar aqui. Tenho tudo que quero e faço tudo que me convém. 
A Índia já me ensinou muito, pouco sobre ela, demasiado sobre mim. Aprendi que posso ser preconceituoso, um atributo que, no Brasil, poucos acham que têm. Talvez porque nunca foram submetido a uma realidade igual a que sou diarimente bombardeado. Não é facil ser confrontado com você mesmo. Parece que quando certas situações surgem, estranha entidade toma conta de seu ser e atitudes surpreendes emergem, sem que você as reconheçam como suas. São atitudes e pensamentos que jaziam no meu interior e que são despertadas pelas situações aqui vivenciadas. Nada escapa à Índia. É um espelho que mostra a face interior. É um tapa na cara, um murro no estômago e um chute certeiro no saco.
Fácil é dar opiniões, criar teorias e imaginar soluções quando a realidade não bate todo dia a sua porta, pedindo mais e mais. quem nunca viveu aqui, nunca vai poder imaginar a dificuldade diária. A vida sob intenso stress de um país totalmente diferente de tudo aquilo que você já vivenciou é, muitas vezes, insuportável. E não me considero pessoa fechada a novas contribuições culturais. Desde a adolescência, convivo com pessoas de diversos países e sou bastente tolerante com culturas distintas da minha. Aprendi cedo, mas em certos dias desejo nunca ter pisado os pés em solo tão imundo. Outros dias, me sinto bem e levo o dia-a-dia com mais leveza. A Índia é isso: sobreviver dia após dia, procurando não prestar muita atenção ao que acontece ao seu redor. Tem dias que consigo fazer isso, outros não. Estes são os piores.
Um ano, só falta mais um.

sábado, 22 de agosto de 2009

La Revancha del Rock V

Londres, 24 de outubro. Ingressos garantidos.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Twittering

Esse negócio de twitter vicia, pois é simples, rápido e, o melhor, conciso. Tenho medo de abandonar isso aqui...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

U2 - 360º Tour. Stade de France, 11/07/2009

A ida ao Stade de France foi feita sem grandes percalços. Caminhamos uns duzentos metros do hotel até a estação Breguet-Sabin e de lá até a estação do estádio. Já chegamos com o som do Kaiser Chiefs rolando. De primeira, ouvimos “Ruby” ainda antes de entrarmos. Entramos, achamos os assentos (um pouco longe, é verdade, mas não importa) e esperamos o show começar.
Musicalmente, este não foi muito diferente do show assistido há três anos em São Paulo, mas a grandiosidade da 360º Tour deixa no chinelo o espetáculo apresentado anteriormente. A alta definição do telão e som perfeito dava a sensação de estar bem perto da banda. O cenário montado, estranhamente fenomenal, parecia ter saído da prancheta de algum engenheiro espacial. O desenho disforme da estrutura que se conectava ao palco dava a impressão de um monstro a proteger os músicos. A visão dos integrantes do U2 era facilitado pelo palco praticamente vazio. Podiam ser vistos de qualquer ângulo, daí o nome da turnê. A passarela que permitia a circulação da banda, de modo a ter maior interação com o público, foi idéia criada na Elevation Tour e repetida na Vertigo ainda estava por lá, com alguns sortudos espremido na área vip bem em frente ao palco.
O show começou com “No Line on the Horizon”, musica-título do novo disco (muito bom, por sinal. Muito superior ao anterior e igual em qualidade ao “All That You Can Live Behind”).
Durante duas horas, o U2 tocou músicas de toda a carreira e o público, ensandecido, cantava junto. Também me empolgava a cada segundo.
Mas, em Paris, com amigos muito amados não é muito difícil. Até show do Wando nas mesmas circunstâncias seria bem agradável.