sábado, 25 de fevereiro de 2006

A quem interessar possa.

"Com o tempo você vai percebendo que para ser feliz com outra pessoa, você precisa em primeiro lugar, não precisar dela. Percebe também que aquela pessoa que você ama ou acha que ama, e que não quer nada com você, definitivamente, não é a pessoa da sua vida. Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você. O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que elas venham até você. No final das contas, você vai achar, não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você..!"

Mário Quintana

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

O Ministério da Saúde adverte

“Eu fui fazer um samba em homenagem à nata da malandragem, que conheço de outros carnavais. Eu fui à Lapa e perdi a viagem, que aquela tal malandragem não existe mais. Agora já não é normal, o que dá de malandro regular profissional, malandro com o aparato de malandro oficial, malandro candidato a malandro federal, malandro com retrato na coluna social; malandro com contrato, com gravata e capital, que nunca se dá mal. Mas o malandro para valer, não espalha, aposentou a navalha, tem mulher e filho e tralha e tal. Dizem as más línguas que ele até trabalha, mora lá longe chacoalha, no trem da central.“
Resolvi começar este post com a letra de uma música do cara que, na opinião de especialistas, é o compositor brasileiro, quiçá em todo o mundo, que mais entende a alma feminina.
Essa música, no entanto, não fala das mulheres, mas sim da indignação que Chico sente ao constatar que hoje todos são malandros e que a “tal malandragem” clássica, folclórica e típica do Rio de Janeiro do início do século XX já foi pro beleléu há muito tempo. Também estou indignado, mas minha revolta não é causada do fim da malandragem. É por causa do uso da malandragem rasteira usada por pessoas repulsivas que insistem em achar que toda mulher é burra e nasceu ontem. Este post não é sobre Chico; é sobre um sujeito de natureza antagônica à de Chico Buraque de Holanda. Um analisa, entende e decifra a alma feminina; o outro subestima, procura entender e nada consegue compreender.
Nos corredores do MRE transita diariamente um sujeito que, para mim, é uma mistura do “malandro de gravata” com o decadente Francisco Cuoco. Explico. O sujeito acha que é a coisa mais atraente que já andou na litosfera do pequeno planeta azul; como se cinco dos seis dias da criação fossem dedicados à sua figura. E o pior é que ele realmente acredita que tudo isso é, mais que uma verdade, um axioma; mais verdadeiro que a afirmação de que a menor distância entre dois pontos é uma reta. Não me incomodaria com a presença abjeta desse sujeito se ele não insistisse em falar comigo todos os dias como se fosse meu amigão e não ficasse amolando minha amiga F... com sua conversa chata. Mas minha amiga não é estúpida - embora ache que ela deveria ser muito mais grossa do que ela é - e cada vez que ouço suas histórias, mais pena eu sinto do rapaz. Se eu denunciar, capaz do Ministério da Saúde tatuar na testa dele: “O Ministério da Saúde Adverte: ficar a menos de dois metros de ... pode causar terríveis distúrbios intestinais, câncer e impotência sexual.” O mais hilário é que o rapaz sai repitindo aos quatro ventos que não presta e que ainda não conseguiu achar a mulher que vai endireitá-lo. Diz isso como se fosse atiçar o imaginário feminino e todas se sentissem atraídas pelo desafio de conquistá-lo. Eu digo: nem Pitanguy consegue ajeitá-lo.
Sabe aquele sujeito tosco, nojento, grudento que quando encontra a mulhereda, dá um sorriso “matador”, diz: “Como vai, fofa?”, sapeca um beijo bem estalado na bochecha da sirigaita e sai achando que ela suspira devido à sua presença mercante, delirante e alucinante (na cabeça dele, é claro). Nem canalha ele consegue ser. Mulheres sabem que não é muito difícil para um homem ser canalha. É algo quase que natural; vem de fábrica. Não é acessório ou sujeito a fatores sociais que influenciam na atitude do homem. Quando o cara é tão caricato que nem ser canalha ele dá conta, cai no ridículo. É uma queda longa e o sujeito sobre o qual destilo toda a ira de Mister Hyde parece não vai parar de cair nunca.
Tão ridículo e degradante quanto uma música chamada “Knife”, de Rockwell. Seria a trilha sonora perfeita para sua vida. Quem puder, a música está disponível no cd “As 30 melhores da Antena 1. Sinta o naipe do indivíduo. Mas o aviso: ouvir a música pode causar a mesma sensação de náusea que é causada quando o sujeito aponta no horizonte. É sensação nada agradável. Garanto.
Peguei pesado, mas ele também pegou pesado quando resolveu nascer

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Suicídio eleitoral


O Marechal HenriqueTeixeira Lott é grande personagem da historiografia brasileira. Pouco conhecido, o Lott articulou e pôs em prática o “golpe preventivo” de 1955 para que Jucelino Kubitschek, vencedor do pleito presidencial daquele ano, pudesse tomar posse. Acho que se o General soubesse o que estava por vir, deixaria a turma de UDN impedir Jucelino de tomar posse, pois como sabiamente escreveu Roberto Campos, Jucelino foi mais um tocador de obras do que qualquer outra coisa. Depois escrevo mais sobre Kubitschek e o desserviço que a Globo fez a este país.Nos idos de 1960, quando a televisão ainda era artigo de luxo nas casas das famílias abastadas e os programas de TV eram ao vivo, o então candidato à presidência da República, HenriqueTeixeira Lott participou de um debate televisivo com Tânia Carreiro e Paulo Outran (estes dois já com 105 anos de idade). Era uma tentativa de conferir ao sisudo General ares de mais simpático e dar-lhe o carisma que o candidato adversário Jânio Quadros tinha de sobra. O tiro saiu pela culatra. Armado todo o circo televisivo, o General, com seu tradicional uniforme, estava sentado entre os dois entrevistadores, bem no centro do estúdio. Toda simpática, Tânia Carreiro, após apresentar o candidato, perguntou:


- General, o que o senhor acha do teatro no Brasil e quais as suas propostas para a cultura?

Sem pestanejar, o simpaticíssimo General responde:


- Minha senhora, na realidade eu gosto mesmo é de cinema.


O silencio sepulcral que tomou tonta do estúdio foi imenso. Passaram-se longos minutos de silêncio total antes que encerrassem o programa.

Resultado: Jânio foi eleito com 48% dos votos.
With every mistake we must surely be learning.
Still my guitar gently weeps...

George Harrison.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Conto. Parte IV

Depois de desilusão amorosa muito forte, ele decidiu não ser mais amável com quem quer que tentasse se aproximar dele. Ainda não conseguia nutrir amor por ninguém. Tinha deixado sua namorada e família e apostado tudo naquela mulher que lhe prometera amor e companhia. Logo depois, sem qualquer explicação racional, deixou-o sozinho naquela cidade ainda estranha. Chorou, adoeceu, tornou-se uma pessoa amarga. Nunca conseguiu livrar-se da dor da perda. Ainda não. Sabe que vai passar. É pessoa muito intensa. Entrega-se com facilidade e ferocidade. No entanto, quando seus limites são ultrapassados, odeia com mesma intensidade que amou. Ele ainda estava na fase do “eu não quero, tão cedo começar um relacionamento” e aquela pessoa grudenta e fácil que o cumprimentou há pouco o fez lembrar do quanto ele não queria envolver-se.

Pegada nas nádegas


“A vida dá voltas”. “Quem perdeu foi ela (e)”. “Você vai ficar bem”. “ A vida é como uma roda-gigante: um dia você está por baixo, mas no outro, estará por cima”. Quantas vezes ouvimos essas frases durante a vida? Eu já as ouvi várias. Não adianta. São, no fundo, ridículas. Podem falar o que quiser, podem presentear o (a) moribundo (a) com todos os livros de Lia Luft, Marianne Williamson, Douglas Dalapria e outros tranbiqueiros da miséria alheia que trata-se de processo interno que tem tempo para acabar. Porém, algumas canções, ouvidas repetidas vezes, auxiliam na caminhada pelo vale de sombra do sofrimento. São as que consegui lembrar instantaneamente. Quando lembrar de outras, darei a elas toda a publicidade que merecem.

I’ll survive. - Música clássica do levei-o-pé-na-bunda-e-agora-quero-que-se-foda. Cantada na versão clássica, colorida e adorada por muitos no Itamaraty pela cantora americana Glória GAYnor (será coincidência?), foi sucesso na década de 70, mas ainda hoje faz surgir gritinhos de felicidade quando tocada nas pista de dança. Recomendo a versão gravada pelo Cake. Muito melhor

Fuck It ( I don’t want you back) – Cantada por uma tal de Florida Inc, essa música embalou as boates no ano passado. Tem versos ácidos como: Fuck what i said it dont mean shit now; Fuck the presents might as well throw them out; Fuck all those kisses, they didnt mean jack; Fuck you, you hoe, i dont want you back. Se você odeia muito a pessoa que te passou para trás, essa é sua canção. Não conheço outra versão para recomendar. Fica com essa mesmo.

Quando – Música gravada em 1967 pelo Rei (Rei, um cacete) Roberto Carlos, é um verdadeiro alento para as pessoas deixadas para trás. A canção, se repetida várias vezes como um mantra, pode ajudar e muito na recuperação do psicótico que sonha com a paz de volta ao coração. O Barão Vermelho regravou a música. Também recomendo a segunda versão.

Descoberta – Composta por Marcelo “novo Chico Buarque” Camelo (longe, longe, longe...) a música do Los Hermanos deve ser baixada como toque de celular para que você lembre-se sempre da angústia causada pela presença da (o) inimiga (o). Se seu celular permite identificar o toque com o telefone dela (a), melhor ainda. Se possível nomear um Grupo para o telefone, sugiro que mude o nome para “Vade Retro”, ou “Constantine!” - como um grito de ajuda para exorcizar a (o) falecida (o).

No entanto, se você acha que ouvir essas músicas ou seguir esses conselhos vão ajudar em algo, sugiro a procura a um psiquiatra. É disso que você precisa!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

Blog do Eu Sozinho

Fui informado, ontem, no Líbanus, que meu blog provocou reação de indignação em uma amiga-nem-perto-de-ser-tão-amiga-assim. Depois de ter visto negado o seu acesso ao blog, no alto da sua imponência e cheia de argumentos de autoridade, a rapariga (gaja) declarou a uma amiga minha:-Para que ele escreve um blog se somente uma ou duas pessoas vão ler? Era melhor escrever em um caderno.Veja só se eu agüento. Estou precisando melhorar meus critérios, já rígidos, de escolha de amizades. Qual o problema em escrever um blog somente para poucas pessoas? Podem argumentar que algo na internet nunca vai ser para poucas pessoas. Pode ser, mas o que eu escrevo, como dito em outro post, é para mim. Eu sou o maior leitor do meu blog. E assim quero continuar. O que percebo é que houve mudança de comportamento das pessoas com esse negócio de blogs. Antes, as pessoas escreviam em seus diários e seus escritos eram classificados como confidenciais. Havia a noção do quanto normal e privado era o que as pessoas confessavam naquele maço de papel inviolável. Hoje, o normal é ser aberto, preencher todos os detalhes do perfil do Orkut e sair fazendo relatórios diários sobre sua vida a todos. O que mudou foi apenas o instrumento por intermédio do qual escrevemos. Nada mais! Prezo pela privacidade e escrevo pelo valor terapêutico que do ato deriva. Se quisesse que as pessoas tivessem qualquer opinião sobre o que concerne somente a mim, eu distribuiria panfletos de meus textos e pediria para enviar os comentários para um caixa postal aberta para este fim; se cristão, correria para a igreja mais próxima para conversar com um padre sobre meus escritos ou ligaria para o Disque-Vida para confessar minhas angústias. Para isso, visito um profissional semanalmente. Tem gente que não tem noção alguma do que é privacidade, cumplicidade e confunde amizade com “suporto você apenas por educação e nem isso tenho conseguido ultimamente”. Eu mereço. Às vezes Dr. Jekyll é muito bonzinho. Mister Hyde não deixaria isso acontecer.